Na tarde desta quarta-feira (4/6), o governador Eduardo Leite, em evento realizado no Palácio Piratini, oficializou a entrega de 26 novas viaturas à Defesa Civil (DC) do Estado, fortalecendo a capacidade de resposta e atuação em situações de emergência. Os veículos serão utilizados em ações que abrangem desde a prevenção até a reconstrução em cenários de desastre. 

Do total, 23 veículos automotores da marca Fiat, sendo três modelo Mobi e 20 camionetas Titano, todos novos, foram destinados à DC por meio de doação do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), viabilizados por meio de Termo de Ajustamento de Conduta daquele Estado. O Ministério Público do Rio Grande do Sul auxiliou nas tratativas para a parceria. Já a aquisição de dois micro-ônibus e um caminhão guincho plataforma asa delta foi viabilizada por meio de recursos do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs), totalizando um investimento de R$ 2,119 milhões. 

“O momento vivido pelo Rio Grande do Sul exigia mais do que solidariedade, exigia ação. Conseguimos, por meio de um acordo, sensibilizar uma montadora a priorizar o que era mais urgente, a vida e a reconstrução. É uma honra contribuir com a entrega dessas viaturas à Defesa Civil gaúcha, porque sabemos da importância que elas terão no cuidado com as pessoas. O MP de São Paulo está ao lado do povo gaúcho nessa caminhada de recuperação e resiliência”, afirmou o promotor Denilson de Souza Freitas, do MPSP.

A renovação e modernização da frota integram o Plano Rio Grande, programa de Reconstrução, Adaptação e Resiliência Climática do Estado. Essa iniciativa fortalece o Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil, promovendo maior agilidade, precisão e integração nas ações de enfrentamento a desastres, tornando o Estado mais preparado e resiliente. 

Durante o evento, o governador ainda encaminhou o repasse de R$ 171 milhões para a Prefeitura de Porto Alegre, via Fundo a Fundo da Reconstrução. Esse é o primeiro repasse do programa estadual que financia ações estruturais e emergenciais de reconstrução e adaptação climática nos municípios. A ação integra o Plano Rio Grande, que busca tornar o Estado ainda mais forte e resiliente, preparado para o futuro. 

O recurso será empregado para qualificar as estruturas existentes de proteção contra as cheias da capital, como diques, Estações de Bombeamento de Água Bruta (EBABs), Estações de Bombeamento de Água Pluvial (EBAPs), Estações de Bombeamento de Esgoto (EBEs), comportas e Estudos para o Sistemas de Proteção Contra Cheias (SPCC). 

“Estamos destinando cerca de R$ 171 milhões para fortalecer as estruturas de proteção contra cheias em Porto Alegre, garantindo mais segurança para a população e apoiando diretamente a atuação da prefeitura. Esses recursos, viabilizados pelo Fundo de Reconstrução do Estado, mostram como o Plano Rio Grande está promovendo uma reestruturação que vai além do imediato, é uma reconstrução baseada em resiliência, com investimentos estruturais que farão do Rio Grande do Sul um exemplo para todo o Brasil”, afirmou Leite.

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, explicou como será utilizado o recurso e o que representa para a Capital. "O nosso sistema de contenção de cheias foi construído nos anos 1960, após as cheias de 1941. E agora precisamos reconstituir o sistema antigo e, ao mesmo tempo, construir um novo. Esses sistemas envolvem casas de bomba e diques, entre outros elementos. Queremos agradecer essa parceria. Temos muitas famílias que recebem ainda auxílios do estado e do município. O único caminho é juntar esforços”, afirmou Melo.

Projetos de preparação do Plano Rio Grande

"É uma evolução muito grande no nosso eixo de Preparação para lidar com desastres, com a ordem de início sendo assinada para a batimetria em quatro bacias, que consideramos prioritárias para o monitoramento das águas do Estado. Também assinamos os contratos para novas estações hidrometeorológicas, algo que vai nos possibilitar monitorar o nível dos rios em diferentes lugares do Rio Grande do Sul. Ambas ações nos darão uma capacidade muito maior para lidar com os eventos climáticos extremos. É um marco para seguir com os trabalhos do Plano Rio Grande”, afirmou o titular da Secretaria da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi.

Batimetria

O levantamento batimétrico ou batimetria dos rios é importante para saber a profundidade e o comportamento das nossas águas. Os serviços de batimetria serão efetuados, inicialmente, em quatro blocos, nas bacias da Região Metropolitana de Porto Alegre, Taquari-Antas, Baixo Jacuí e Guaíba, as mais afetadas pela enchente de 2024.  

No total, estão sendo contemplados 2.589 quilômetros, abrangendo também as bacias hidrográficas de Guaíba, Vacacaí-Mirim, Sinos, Jacuí, Caí, Pardo, Jacuí, Gravataí e Taquari-Antas. O investimento nos quatro blocos será de R$ 10.033.650 e o serviço deverá ser realizado em seis meses. As empresas vencedoras da licitação foram Água e Solo, STE Engenharia, Terra Brasil (VLF) e Profill. 

“Estamos assinando ordens de início para estudos de batimetria em pontos prioritários da região hidrográfica do Guaíba, onde os impactos das enchentes de 2024 foram mais severos. Mas as ações já estavam em andamento, com frentes de trabalho ativas, como a dragagem dos canais de navegação realizada pela Portos RS, desassoreamento de pequenos rios e as estações hidrometeorológicas do Estado, consideradas estratégicas pela Agência Nacional de Águas, que foram recuperadas e voltaram a operar plenamente. Essas medidas estruturantes anunciadas hoje reforçam a adaptação climática e aumentam a segurança hídrica no Rio Grande do Sul”, reforçou a titular da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann.

Os blocos e seus respectivos investimentos

• Bloco Metropolitano - 497 km - R$ 2.460.150.

• Bloco Taquari Antas - 517 km - R$ 2.559.150.

• Bloco Baixo Jacuí - 501 km - R$ 2.479.950.

• Bloco Guaíba - 512 km - R$ 2.534.400. 

Novas estações de monitoramento

As novas estações irão compor a rede de monitoramento hidrometeorológico do Estado, e seu objetivo é acompanhar variáveis como chuvas e nível dos rios, fornecendo dados importantes para gestão hídrica e previsão de eventos climáticos. Além das 160 estações hidrometeorológicas já instaladas no Rio Grande do Sul, o Executivo estadual assinou a contratação da implantação e operação de 130 novas estações de monitoramento. 

A iniciativa faz parte das ações para aprimorar o sistema de alerta precoce no Estado, permitindo o monitoramento em tempo real de variáveis hidrológicas críticas para prever eventos extremos, como inundações. Com 130 estações, sendo 113 hidrológicas e 17 hidrometeorológicas, ou seja, com dupla função, em implantação em pontos estratégicos, o sistema foca em previsões de curtíssimo prazo, nowcasting, e cobertura de missão crítica, ou seja, possuem condições de manter sua continuidade operacional por meio de estruturas com disponibilidade e redundância mesmo frente a cenários extremos. Essa característica é fundamental para garantir a estabilidade dos serviços mesmo em contextos de desastre, ampliando significativamente a capacidade de resposta da DC e protegendo a população frente a eventuais impactos.  

O contrato com a empresa MKS Desenvolvimento de Sistemas tem vigência de dois anos e investimento total de R$ 47,175 milhões. A ação visa aprimorar a antecipação de cenários de risco e a resposta a eventos climáticos extremos com base em dados em tempo real, representando um avanço na proteção de vidas, da infraestrutura e da economia gaúcha, além de reforçar a capacidade de gestão de riscos e a coordenação de ações emergenciais. 

“Com as contratações para batimetria e novas estações hidrometeorológicas, estamos estruturando um sistema robusto de monitoramento e resposta, que permitirá alertas mais precisos e ações mais eficazes. O Plano Rio Grande é o maior e mais completo plano de resiliência já desenvolvido por um estado brasileiro, reunindo todas as iniciativas necessárias para preparar o Rio Grande do Sul para o futuro, não só para reagir, mas para antecipar, proteger e inspirar outras regiões do país”, finalizou Leite